Fotografia por - Joarez Costa Fotos ©
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
UM ENORME E FATÍDICO "NADA"
Fotografia por - Joarez Costa Fotos ©
Nos primórdios do novo século severamente atormentado pelo sol
torrencial de um verão escaldante em um país nada acolhedor e de rígidas leis
impossíveis de serem obedecidas e já exausto pelas incessantes picadas de
famigerados e gigantescos mosquitos
sugadores de vida, ali quase sem ar desejando que ao alçar vôo uma ave poderia
lhe privilegiar com uma suave brisa, olhos ardendo pelo sal de seu suor que
escorria testa abaixo como uma cascata de lava vulcânica abrindo passagem por
suas pestanas tórridas pela exposição continua ao sol, garganta ríspida e
galopante de soluços espremidos de um som angustiante do movimento do seu pomo
a tentar engolir o pouco de umidade salivar.
Ao cair à penumbra do findar daquele dia interminável onde mesmo na
absoluta escuridão fazia-se luz o clarear do luar e naquele constante grilar
repetitivo e estressante de insetos noturnos a se comunicar em tentativa
desesperadora para acasalamento se atirando quase que sem rumo em todas as
direções possíveis amparadas apenas com o constante impacto em sua face e ou na
pequena e preguiçosa lamparina em um canto estratégico daquele precário quartinho
de madeira que mais cheirava a fossa do que um habitat digno de moradia.
Já sonâmbulo e levemente dolorido pela teimosia em manter o vai e
vem do peso da cabeça cansada e repetidamente balançante dum lado pro outro por
horas a fio na expectativa frustrada de não cair literalmente no sono
assombrado como um menino indefeso naquela jaula escura de seus tormentos
internos e confusos lesionados pela tortura da solidão momentânea, o sentido
então parece flutuar elevando-o num vôo desajustado e sem controle parecendo
ver a si próprio a distancia enrijecendo toda musculatura ao tentar sem sucesso
se manter ao alto nesta sensação nova estranha e ao mesmo tempo prazerosa
intercalando com aberturas abruptas e repetitivas de suas pálpebras deixando
seu Iris se perderem em nenhuma imagem, apenas a escuridão.
Longos e cansativos minutos prolongados pela noção desajustada na
falta de um mecanismo marcador que se fazia perder-se no tempo e no espaço como
tudo pudesse acontecer num simples piscar de olhos parecendo ser infindável
aquele momento, promovendo quase uma exaustão em seu juízo desvalendo-se de
tudo, Insignificante num mundo de trevas e decadência sem o menor sopro de
esperança que o fizesse soltar as correntes que escarnavam os tornozelos de sua
mente avariada pelo cansaço e descrente por seus fracassos.
Um silencio ensurdecedor quebrou a rotina naquela madrugada, como um
sugar de tímpanos em uma descida alucinante que fez seu cérebro afogar-se em um
precipício completamente acústico isento de qualquer pensamento que o pudesse
resgatá-lo daquela liquefação desenfreada; um verdadeiro buraco negro do nada.
Como num grito mudo abre seus olhos por uma visão não alcançada
procurando um ponto, uma luz que o amparasse, onde seu corpo e mente fora
tomado de pane de coisa alguma, só regenerada segundos depois por sua força
interior ainda em pulsação a qual busca de sei onde um ancoradouro e um tanto
desajeitado aporta, coração acelerado, pulmões aos solavancos procurando
oxigenar o seu espanto, corpo suado e em temperatura elevada ainda dolorido de
posições desconfortáveis leva um tempo pra notar que o motivo desse silencio
ensurdecedor é de uma eminente tempestade que surge de negras nuvens encobrindo
a já fraca luminosidade daquela franzina lua minguante.
Relâmpagos siricoteiam ziguezagueando entre as nuvens clareando em
piscas acelerados reluzentes de uma beleza suspeita que preanuncie uma
verdadeira batalha conspirada por deuses imaginários da mitologia, sorvendo
todo oxigênio a sua plenitude colossal para depois dispará-lo de volta em forma
de monstruosos tufões destruidores
munido de força avassaladora da qual
ira deixar impotente o pobre ser perante tamanha demonstração do seu
poderio, nessa pausa silenciosa da qual a catástrofe se veste e prepara sua já
conhecida devastação nota-se leve brisa refrescante que suavemente acaricia as
folhagens trazendo um aroma úmido de sabor da terra acompanhado de respingos
gotejantes duma garoa fina e gelada como um orvalho que suaviza o excessivo
calor ao qual foi submetido o corpo do pobre ser, deixando-o levemente com a
reação de sua pele nessa fusão um arrepio por hora satisfatório e de agrado por
suavizar sua sofreguidão no purgatório.
A fúria então se rebela e seus primeiros rebentos lançam ao chão em
relâmpagos que rasgam o céu em perpendicular apontamento atingindo com robustez
o seu destino deixando feridas ou inertes suas vitimas, acompanhado de um sopro
descomunal provindo de pulmões colossais dos quais deixa um rastro de
destruição donde passa, senti que era
Momento de reação, mas reagir a que? Era a naturalidade do
preanuncio sem tirar nem por era o próprio criador pondo a teste tua criatura
em debate a tua criação.
Assovio assustador e o fraco projeto arquitetural do barraco
sucumbia a pertinente força de sua potencialidade, pelas frestas e vãos o
assovio entoava a musica fúnebre da destruição mostrando que de nada adiantaria
nem mesmo a minha oração; bate o desespero então, a impotência de ser um ser
tão insigne e delicado vendo as folhas de zinco se entortarem no telhado, as
tabuas uma a uma se vergarem diante de tal força insaciável do rugir da
tempestade; abraçado a si mesmo procurando proteger e ser protegido enfrenta o
inimigo com dizeres invertidos sede a esse amigo naturalmente transformador e
renovador de pequenos mundos levanta penhascos e faz buracos profundos seca
riachos e modifica meu mundo inunda desertos deixando cicatrizes profundas, mas
é de fundamental carência que inveja até a maledicência de seu próprio
poder...... Simplesmente arrasta o fraco, derruba o forte e sucumbe o poderoso.
Um “slow motion” de segundos, minutos, horas nem saberia narrar, a
cena é forte, mas só quem passa pode aceitar que por motivos perenes a natureza
apenas pede passagem pra que as coisas se formem como se deve formar mudando
paisagens, lugares e até seu modo de atuar não têm ser que imprima contra
ataque que se faça segurar ela simplesmente escolhe como, quando quer passar.
Calmaria aparente
depois do estremecer fez com que o dia amanhecesse em silencio de tímidos raios
de sol a aparecer, luz que acompanhada do som suave da água em cascata a
escorrer denotando o som grave de pingos contínuos em pequenas poças cheias a
tremer, pálpebras cerradas e batimentos compassados acompanhavam o som do novo
alvorecer, sem teto ou paredes apenas a fragrância do ser, estava salvo
enfim... a tempestade passou e nada de mau fez a mim.
Sentiu cheiro de jasmim ou seria da gramínea denominada capim? Abre
os olhos definitivamente e se deslumbra com a beleza, sim ... uma beleza
estonteante da qual se vê com o coração pois os olhos apenas não conseguem
sentir essa emoção.
Do barraco.... nada sobrou, o que tinha dentro então evaporou mas o
êxtase de vislumbrar aquela paisagem bucólica de riscos contornados e
coloridamente perfeitos levaram o ser a um orgasmo de complacência, foi quando em um rabisco de olhar deparou o
ser com um caco estilhaçado por entre os estrondos de um espelho refletindo o
nada, apenas o nada entre o infinito e o pedaço de espelho um enorme e fatídico
NADA!
Estava o ser definitivamente sido empenhado no afã da natureza de
reciclar e refazer o que era de seu direito, mudar, transformar, modificar....
e só o ser ainda não havia notado que da natureza ele agora fazia parte e mesmo
perdendo tudo não teria ele perdido nada, apenas se incorporado ao que a
natureza lhe tivera proporcionado....
O
direito do silencio eterno.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
MALDITOS SEJAM
COAÇÃO
Maldita seja a dor que me graceja
E a fé que eu tinha que virou poeira
Acreditei na solução definitiva
Mas na real ela me fez ferida
Maldito seja o tempo nisso perdido
Que experiência não satisfaz o “fodido”
Agrada a poucos o meu sofrimento
E nenhum deles me traz sustento
Maldita seja a minha educação
Que a mim mesmo trouxe amargura
Melhor seria ser um vil tirano
De coisas tolas só do bom servia
Maldito seja o momento de lucidez
Do qual pensei seria só desta vez
Coragem tem para dar um fim
Mas a fé nisso não crê enfim
Maldita seja a pressão da vida
Roubando o bom do meu sorriso
Trancou meu ser em dentes rijos
Calei de raiva em meu castigo
Escrínio2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
METÁFORA
DIZ CERNE
Estrutura
embrionária, aquela da origem
Produto
fecundo tornado em forma e espécie
Ser
ingênuo de pouca idade, infantil e imaturo.
Ocultado
sob a terra... Isolado... Único.
Torna
incremento, de súbito se manifesta
Avoluma-se
e expurga em franca exposição
Toma
corpo, ergue-se a pleno pulmão
Ganha
forma, espécie e classificação.
Robusto,
corpulento, vigoroso e consistente
Adulto
e absoluto impõe sua majestade
Feito
mãos se faz raiz, segura ao chão
No
cume a copa um chapéu e proteção.
No
fortuito evento desastroso a recusa
Faz
o ser pensante atribuir seu tombamento
Na
atitude insensata de galgar futuro
Destrói
o bem maior que garante um orgulho
No
fio cortante do aço forjado
Estocadas
certeiras de vinco mirado
Atinge
o cerne do ancião poderoso
Leva-o
ao chão num estrondo medroso.
Escrínio2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
COLECIONADOR
O
colecionador tem uma forma agradável de ser o guardador soberano do interesse
solitário de guardar algo sem valor monetário e tão somente a ele agrega-se o
poder de ter.
Sem
a importância do bem guardado, se são vitorias ou derrotas todas têm o
sentimento inoportuno da satisfação pessoal independente da ação usada e a
forma na qual se predispôs no aparte do fato.
Não
basta a lembrança apenas, tem que haver solidez no corpo que se habita, tocar e
sentir na busca do sentimento pelo idolatrado, mesmo que seja inanimado.
São
inúmeras as faces do colecionador, e tão quantos são inúmeros os objetos
colecionáveis em todas as etapas da sua existência.
De
tão insano e apocalíptico que é, torna-se o próprio bem colecionado.
*Escrínio2012
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